Publicado por: marianacarneiro | 20/04/2009

Primeira sessão do Cininar foi um sucesso

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O cenário encontrado na ante-sala antes do início do filme já denunciava que aquela seria uma sessão de cinema bem diferente. Logo de cara, um tapete emborrachado bem animado, repleto de brinquedos e de bebês com suas mães, no chão. Atrás dele, a fila não era no banheiro, mas no trocador, cheio de gente esperando a sua vez de ganhar fralda nova.cininar4

Dentro da sala de projeção, tudo também era especial: luz acesa (meia luz), som mais baixo, sala em temperatura amena (nada de frio de ar-condicionado), sofá e trocador, tapete com brinquedos na frente do telão e… muitas vozes agudas que anunciavam com “ahhh”, “guu”, “daaa” e outros sons que estava prestes a ser iniciada a primeira sessão do projeto Cininar, promovido pela OCA – Oficinal de Cultura e Arte. Que, é claro, começou com uns 15 minutos de atraso, porque afinal quem tem bebê não tem hora e é preciso ter certa tolerância com as mamães.

Foi uma experiência inusitada e bastante animada. Realizado no último sábado na Sala de Arte da UFBa, o Cininar trouxe para as mães de Salvador e seus acompanhantes a possibilidade de assistir a um filme (no caso, o delicioso Chega de Saudade) sem precisar se separar de seus bebês de até um ano e meio, idade-limite para participar do projeto. Isso porque a partir daí é vetada a presença dos pequenos, porque eles começam a prestar atenção e a entender os enredos dos filmes.

cininar3As cenas na sala de projeção eram engraçadíssimas: filme passando, bebês circulando pelo carpete, engatinhando ou andando. Várias mães aproveitavam as músicas da trilha sonora para dançar e ao mesmo tempo ninar seus bebês. Sim, porque no Cininar é permitido caminhar pelos corredores e fundo da sala, rastejar, mudar de lugar, ir ao trocador…

O fantástico de tudo é que ninguém vai reclamar ou pedir silêncio se seu filho resolver dar uma de cantor bem na hora do filme.

Só não vale atender ao celular, tirar fotos durante a exibição (daí não ter aqui nenhum registro feito durante a sessão) ou fazer outras extravagâncias que impeçam os presentes de acompanhar a película.

Abaixo da tela, era comum ver alguns pequenos correndo atrás de bolas enquanto pais atenciosos iam atrás – para permitir que as mamães pudessem aproveitar aquele momento que era tão delas. As ladeirinhas laterais também fizeram sucesso entre as crianças que ensaiavam se afirmar nos primeiros passos.

Duro era saber se a gente via o filme ou dava risada das cenas dos bastidores. Como já havia assistido a Chega de Saudade, me concentrei na segunda opção. Que foi muito divertida, diga-se.

cininar21No fraldário colocado ao fundo das cadeiras, fraldas P e M e lenços umedecidos estavam à disposição das mamães (o que foi viabilizado através de parceria com a Oitobaby e a Johnson & Johnson), bem como uma consultora que ajudava no que fosse preciso, inclusive na troca de fraldas. Solidariedade materna, aliás, foi o que não faltou por ali. Todas no mesmo barco!

Ao fim da exibição, os detalhes: chupetas e mamadeiras esquecidas nas cadeiras, sacolas infantis espalhadas pelo cinema, sandálias de mães junto a sapatinhos de bebê, carrinhos estacionados ao lado das cadeiras. Tudo recolhido antes da próxima sessão “normal”.

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CONVIVÊNCIA

cininar101O filme havia acabado, mas a melhor parte do encontro estava só começando. Na própria sala de exibição, as mães se reuniram em torno da psicanalista infantil Claudia Mascarenhas para tirar dúvidas na conversa que se seguiu. De momento certo para tirar a chupeta a melancolia pós-parto e dicas sobre como fazer a criança dormir bem e a hora adequada de colocá-la na creche, houve perguntas e intervenções de todo tipo.

Foi um bate-papo bem descontraído, com várias mães sentadas no chão com seus filhos, brincando com eles enquanto conversavam e trocavam experiências diversas.

cininar52Na saída, o depoimento de uma senhora que havia ido ver o filme mesmo sem ter um bebê a tiracolo: “Meus filhos já estão adultos e não tenho netos, mas digo que adorei ver esse filme com todas vocês, o clima aqui, a companhia dos bebês  em nada me atrapahlou acompanhar o filme, ao contrário, achei uma delícia tê-los aqui”.

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SAINDO DO CASULO

No Cininar conheci um grupo de mães que está tendo uma experiência muito legal que aproveito para divulgar. Desde 2008 elas se encontram na casa de uma delas uma vez por mês, para uma reunião informal onde se discute todo tipo de assunto relacionado a bebês, suas rotinas, alegrias e angústias de mãe. São momentos de convivência que objetivam tirar as mamães de casa e fazê-las repartir experiências e se ajudar.

“Precisamos passar por cima dessa cultura da individualidade, sair de casa e ter experiências coletivas. Não é saudável resumir a vida social nesta fase a sair apenas para ver o pediatra”, explicou Nádia, mãe de Ana Clara e coordenadora do grupo de mamães que busca integração e experiências de socialização. Ela conta as experiências do grupo “Baba de Bebês” no blog Mãe e Muito Mais, que você pode ler clicando aqui.

Os encontros mais recentes têm tido a participação de convidados, como psicólogos e psicopedagogos. Foram feitas também atividades como aula aberta de natação e musicalização. O próprio grupo escolhe o tema sobre o qual quer conversar e indica os convidados. Cada um contribui com algo para o lanche. As mães que tiverem interesse em participar das reuniões podem escrever para nausmota@yahoo.com.br.

cininar9O post mais recente do blog saúda o Cininar e diz: “No cinema, mães, pais e bebês eram cúmplices e eram uma comunidade. O que vi foi realmente uma novidade, porque o esforço comum não era no sentido de conter ou silenciar as crianças para ver o filme, mas de compartilhar com elas aquele momento. E, de repente, as crianças estavam interagindo também com o filme, acompanhando a trilha sonora, batendo palmas ou dançando, explorando o espaço do cinema, respeitando o interesse dos adultos e o clima era de tranqüilidade e respeito mútuo”.

Parabéns a todas estas super mães que além de cuidarem de seus pequenos ainda encontram meios e tempo de se dedicar à causa de ajudar outras mães com ações de apoio mútuo. Gente como Patrícia (com o filhote Ernesto) e Andréa (com o pequeno Luca), ambas da OCA, e Nádia, com sua Ana Clara, responsável pelo entrosamento do “Baba dos Bebês”. Um beijo a vocês e vamos em frente!

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SERVIÇO

PRÓXIMA SESSÃO DO CININAR:

Dia 16 de maio, sábado, às 10 horas, na Sala de Arte da UFBA (Vale do Canela).

O filme só é definido na própria semana, mas a atividade pós-filme será com a Coordenadora de Musicalização Infantil da Ufba, Angelita Broock. Ela fará uma oficina musical com mães e bebês. Imperdível!

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DICAScininar111

  • Chegue cedo porque o estacionamento da UFBa é muito concorrido aos sábados pela manhã. Há uma área específica para o público que vai à Sala de Arte, mas ela é pequena e enche logo. Uma alternativa é parar no estacionamento das faculdades que ficam do outro lado da pista do Vale do Canela, que é mais vazio. Daí é só atravessar a rua na sinaleira, que fica bem em frente à entrada da Faculdade de Educação/Sala de Arte.
  • A Sala de Arte dispõe de lanchonete que vende café, lanches em geral, água, suco etc.
  • Fraldário e brinquedinhos são oferecidos na sessão, mas você também pode levar os seus, se quiser.

Respostas

  1. Mariana,

    Adoro seu texto…ele me emociona!!! sua sensibilidade em perceber cada detalhe nos chama a atenção!!!

    Obrigada mais uma vez pela força!!!! e até dia 16!!!

    bjs
    Patricia

  2. Mariana,

    Que bom te conhecer no “mundo real”!
    Adorei o seu texto sobre o Cininar, emoção ler meu depoimento aqui!

    Sua presença e suas palavras são de inspirar qualquer recém mãe!

    Bjos!
    Nau

  3. Ler sobre o CININAR através das suas palavras foi muito gostoso!!Além de me emocionar fico cada vez mais feliz de estar na produção desse projeto e ver o quanto ele pode trazer de bom à Salvador!
    obrigada por tudo!
    carinho
    Déa Viana

  4. Para Andrea e Patrícia,
    parabéns pela iniciativa tão apropriada e inclusiva. Dá até vontade de ter um bebe. Pode ir sem o filho? É que o meu já passou da idade.

    Vou tentar comparecer.
    Beijos,
    Adriana
    9963-3798

  5. Nau, também adorei te conhecer e ler seu depoimento sobre o Cininar. Os textos de seu blog são lindos. Mostram o tamanho de sua sensibilidade de mãe. Beijos e até o próximo encontro!


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